REFLEXÃO
A grande dor de um pai
Um adolescente que cresceu no Sul da Espanha, em uma pequena
comunidade chamada Estepona, conta que certo dia seu pai lhe
disse que ele podia levá-lo de carro até um vilarejo isolado,
mais ou menos a trinta quilômetros dali.
A condição única era de que levasse o carro a uma oficina ali
perto. Jason acabara de aprender a dirigir e aceitou na hora a
gloriosa oportunidade.
Levou o pai até a localidade, prometendo que retornaria às 4
horas da tarde. Foi até a oficina, deixou o carro para conserto
e como tivesse algumas horas livres, decidiu assistir a dois
filmes em um cinema perto da oficina.
Empolgado pelos filmes, não viu a hora passar e quando acabou a
sessão, eram seis horas.
Ele estava com duas horas de atraso. Imaginou que seu pai
ficaria muito zangado e nunca mais o deixaria dirigir.
Por isso, pegou o carro na oficina e foi até o local onde
deveria se encontrar com seu pai que aguardava, pacientemente,
na esquina.
Pediu desculpas pelo atraso e disse
a ele que tinha vindo o mais rápido que pudera. O problema é que
o carro havia necessitado uns consertos maiores e então se
atrasara.
Nunca mais Jason haveria de esquecer de como seu pai o olhou
naquele momento.
“Fico desapontado por você achar que precisa mentir para mim.
Quando você não apareceu na hora combinada, liguei para a
oficina para ver se havia acontecido alguma coisa e eles
disseram que o carro já estava pronto há muito tempo. Você é que
não tinha aparecido.”
Uma onda de culpa tomou conta de Jason, que resolveu contar toda
a verdade.
O pai ouviu com atenção, enquanto seu rosto se cobria de
tristeza.
“Estou muito triste. Não com você, mas comigo. Sabe, eu me dou
conta de que fracassei como pai, já que depois de todos esses
anos você ainda acha que precisa mentir para mim.
Fracassei porque criei um filho que não consegue nem dizer a
verdade ao próprio pai. Vou voltar para casa andando, para poder
pensar onde errei todos esses anos.”
“Pai”, disse Jason. “são trinta quilômetros até nossa casa. Está
escuro. Você não pode voltar andando.”
Mas os protestos do garoto de nada adiantaram. O pai começou a
andar pela estrada empoeirada..., mãos nos bolsos, cabisbaixo.
Rapidamente, o adolescente pulou para dentro do carro e o seguiu
de perto, esperando que ele fosse desistir.
Durante todo o caminho, ele implorou, dizendo que estava muito
arrependido. Mas o pai continuou a caminhar em silêncio,
pensando e sofrendo.
Jason dirigiu atrás dele por trinta quilômetros, numa média de
oito quilômetros por hora.
Ver seu pai sofrendo tanto física, quanto emocionalmente foi a
experiência mais perturbadora e dolorosa que Jason já havia
enfrentado.
Foi, também, a melhor das lições. Ele se decidiu a nunca mais
mentir.
*** Pais decididos a bem orientarem seus filhos, têm posturas
definidas e não se importam o quanto lhes custe para ensinar o
que seja correto.
Pode ser apenas uma longa caminhada de trinta quilômetros, ou
pode ser uma quase interminável jornada de toda uma vida.
O importante é que os filhos cresçam para a luz, o bem e o amor,
porque este é o objetivo maior da vida na Terra.