REFLEXÃO
Missionários também
sentem.
Em decorrência do tema “Setembro Amarelo” – mês que trata da
prevenção ao suicídio, precisamos falar sobre um aspecto da vida
que também afeta os missionários: emoções. No geral, somos
sempre tentados a achar que o missionário é como um super-herói.
Julgamos que por ele ser chamado para as vivências missionárias,
que são extremamente difíceis e desafiadoras, ele não precise
lidar com as suas emoções. E, muitas das vezes, achamos que eles
são tão bem resolvidos com eles mesmos, ou que são ‘’tão
crentes’’, que são exclusos dos problemas emocionais que a vida
muitas vezes nos traz. Mas, quero dizer que essa, além de ser
uma idéia errônea, é uma idéia prejudicial tanto para a Igreja
quanto para o missionário. Deixe-me te explicar o porquê.
Quando a Igreja age como se as emoções do missionário não fossem
um assunto importante a ser tratado e acompanhado, ensinamos ao
missionário que essa é uma parte da vida dele que deve ser
ignorada e até mesmo ensinamos que não existe uma integralidade
de cuidado com sua vida. Um dos problemas em ignorar as emoções
é que uma hora ou outra elas agravam e estouram em doenças
psicológicas que exigem um processo extremamente doloroso de
cura. É óbvio que para o nosso Deus não há doença emocional,
espiritual, física ou psicológica que não possa ser curada
rapidamente por Ele. Mas, conhecendo a metodologia de Deus de
nos ensinar por processos, precisamos reconhecer que há um tempo
exigido para o tratamento de cada coisa e que dentro desse
processo, Ele nos chama para sermos luz e amparo na vida uns dos
outros. Cabe a nós, como Igreja de Deus, parar de terceirizar a
nossa responsabilidade e assumirmos o nosso compromisso como
corpo. Em 1 Coríntios 12 as Escrituras nos ensinam sobre a
diversidade dos membros do corpo e da importância de cuidarmos
de cada um deles em completa harmonia e amor. O versículo 25 nos
diz que não deve haver divisão entre o corpo, mas que cada parte
deve cuidar mutuamente entre si e ainda mais adiante o texto
fala que se uma parte desse corpo sofre, todas as demais sofrem
em conjunto!
A partir do entendimento do nosso papel podemos influenciar uns
aos outros ao auto cuidado. Jesus era alguém que conversava com
cada esfera das pessoas. Ele tratava cada uma das partes do ser
humano e é esse o modelo que devemos seguir. Em um mundo de
dores como o nosso, não há mais espaço para a apatia e o descaso
quando se trata das nossas emoções. Estar longe de casa, da
própria cultura, daquilo que é conhecido, as cobranças por
resultados, tudo isso exige do missionário um trabalho
psicológico e emocional desgastante. E, se ele não puder contar
com aqueles que se intitulam seus irmãos, com quem contará? Não
podemos esquecer que as dores desta vida não podem ser maiores
do que a nossa confiança em Deus, mas vale lembrar que muitas
vezes quem vai nos lembrar dessas verdades são os nossos amigos,
nossos irmãos. Precisamos uns dos outros para sermos saudáveis.
Deus nos fez como seres relacionais para que a gente pudesse se
relacionar com Ele, com os outros, com Ele nos outros e nos
outros com Ele.
Hoje, o nosso convite é para que possamos juntos, olhar para as
nossas emoções através da graça, para que alcancemos relações
saudáveis e assim nos despirmos do descaso e nos revestir do
amor de Deus. Precisamos entender que João 3:16 só faz sentido
quando está em conjunto com 1 João 3:16: Nisto conhecemos o que
é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a
nossa vida por nossos irmãos.