MAGALI ARCE
Diretora Geral-www.diferenciado.com.br
Jornal O Diferenciado
CNPJ:11.590.230/0001-74
MÃE!
Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de
sorte que não se compadeça do filho de seu ventre? Mas ainda que
esta viesse a esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de
ti” (Isaías 49:15)
O dia das mães é sempre uma data especial. É dia de homenagens,
elogios, gratidão, presentes. Comerciantes o chamam de “segundo
natal”. Alegram-se por poderem salvar as vendas do 1º semestre.
Afinal, a figura da mãe é uma espécie de figura central do
relacionamento familiar. Difícil encontrar quem não se lembre,
com carinho, da própria mãe. E não poderia ser diferente: mãe é
dádiva de Deus. Assim como os filhos são dádivas de Deus. Assim
como toda a família deve ser celebrada como uma dádiva de Deus
para todos nós. Pena que não seja sempre assim.
O dia das mães tem também um elemento especial. Nele somos
absorvidos pela noção de “mãe ideal”. Aquela: presente, amorosa,
sorridente, que nunca grita, nem esbraveja, mas tem sempre uma
palavra amiga, consoladora, de incentivo. Uma mãe sempre bonita,
arrumada, delicada e meiga; boa dona-de-casa e apta para o
reforço das atividades escolares de seus filhos. Esposa dedicada
e mulher de caráter exemplar. Mãe de propaganda. Um modelo para
a sociedade.
O texto de Isaías recupera essa figura idealizada para propor
uma reflexão bastante interessante:
Agar e Ismael
pode uma mãe esquecer-se de seu filho? E mais: do filho que
ainda mama? Trata-se de uma dupla dificuldade: a primeira
envolve as mães em geral, essas abnegadas que encarnam em suas
maternidades a maravilhosa capacidade de dar a vida e cuidar
dela; já a segunda, muito mais intensa, envolve especialmente as
mães de recém-nascidos, essas “belezinhas” da natureza, que, de
tão dóceis e frágeis, não poderiam ser esquecidas nem pelo mais
insensível dos homens. Nossa resposta, portanto, para a pergunta
do profeta, certamente será “não”!
Mas e se ela for capaz de esquecer? E se cansar, ou desanimar,
ou entrar em depressão, stress, sentir-se vazia, brigar,
ofender, abandonar? E se fizer como muitas outras já fizeram,
quando entregaram seus filhos em instituições ou os deixaram
numa “lata de lixo”? E se chegarmos à conclusão de que este tipo
de mãe, nada ideal, pelo contrário, pecadora, fraca, falha, é
exatamente o que temos em nosso lar, em nossa família? E se ela
mesma, decepcionada, desiludida, chateada, entrar em crise pelo
confronto com sua verdadeira imagem no espelho? E se, como por
um terrível acidente, descobrirmos, enfim, que mãe não é essa
figura ideal? Talvez aí, em meio à frustração de uma vida nada
perfeita, onde nem mesmo aqueles que mais amamos são perfeitos,
aprendamos a lançar nossas vidas nas mãos do único que jamais
falha e que nunca, nunca decepciona: Deus. Pois, se uma mãe
puder esquecer, Ele lembrará! Lembrará de mães e filhos,
mulheres e maridos, irmãos e irmãs cujos corações anseiam por um
relacionamento que não naufrague quando os defeitos aparecem.
A vida, infelizmente, tem sido assim: sobrecarregamos uns aos
outros com nossas expectativas e desejos de amor, e nos
esforçamos além das possibilidades para corresponder às
expectativas com que nos sobrecarregam. O resultado é que
vivemos numa sociedade cansada e oprimida, cheia de falsidades,
hipocrisias e mentiras. Uma sociedade que prefere idealizar-se a
humilhar-se diante do amor e do caráter de Deus; que prefere
esconder seus defeitos a buscar relacionamentos em que somos
todos aceitos por sermos exatamente quem somos, apesar de nossos
pecados.
No dia das mães, valem o elogio, as homenagens, a gratidão e
mesmo os presentes às mamães que Deus nos deu. Mais que tudo
isso: vale a oração por elas e vale a alegria de assumirmos
nossos lares e famílias assim como são, na certeza de que em
Deus descobriremos a beleza de relacionamentos sem máscaras.
Vale, finalmente, o bom e velho “eu amo você, mãe.” Não porque
seja ideal ou porque nunca falhe, mas porque é dádiva amorosa
desse Deus ideal, que supre nossas falhas e socorre-nos em
nossas fraquezas. Sim, desse Deus que é Pai, Filho, Mãe e Irmão.
Deus de todos nós, pais, filhos, mães, irmãos.
Feliz dia das mães! E graças a Deus pela nossa família!