MAGALI ARCE

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Jornal O Diferenciado

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MÃE!
Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho de seu ventre? Mas ainda que esta viesse a esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti” (Isaías 49:15)

O dia das mães é sempre uma data especial. É dia de homenagens, elogios, gratidão, presentes. Comerciantes o chamam de “segundo natal”. Alegram-se por poderem salvar as vendas do 1º semestre. Afinal, a figura da mãe é uma espécie de figura central do relacionamento familiar. Difícil encontrar quem não se lembre, com carinho, da própria mãe. E não poderia ser diferente: mãe é dádiva de Deus. Assim como os filhos são dádivas de Deus. Assim como toda a família deve ser celebrada como uma dádiva de Deus para todos nós. Pena que não seja sempre assim.

O dia das mães tem também um elemento especial. Nele somos absorvidos pela noção de “mãe ideal”. Aquela: presente, amorosa, sorridente, que nunca grita, nem esbraveja, mas tem sempre uma palavra amiga, consoladora, de incentivo. Uma mãe sempre bonita, arrumada, delicada e meiga; boa dona-de-casa e apta para o reforço das atividades escolares de seus filhos. Esposa dedicada e mulher de caráter exemplar. Mãe de propaganda. Um modelo para a sociedade.

O texto de Isaías recupera essa figura idealizada para propor uma reflexão bastante interessante:
Agar e Ismael
pode uma mãe esquecer-se de seu filho? E mais: do filho que ainda mama? Trata-se de uma dupla dificuldade: a primeira envolve as mães em geral, essas abnegadas que encarnam em suas maternidades a maravilhosa capacidade de dar a vida e cuidar dela; já a segunda, muito mais intensa, envolve especialmente as mães de recém-nascidos, essas “belezinhas” da natureza, que, de tão dóceis e frágeis, não poderiam ser esquecidas nem pelo mais insensível dos homens. Nossa resposta, portanto, para a pergunta do profeta, certamente será “não”!

Mas e se ela for capaz de esquecer? E se cansar, ou desanimar, ou entrar em depressão, stress, sentir-se vazia, brigar, ofender, abandonar? E se fizer como muitas outras já fizeram, quando entregaram seus filhos em instituições ou os deixaram numa “lata de lixo”? E se chegarmos à conclusão de que este tipo de mãe, nada ideal, pelo contrário, pecadora, fraca, falha, é exatamente o que temos em nosso lar, em nossa família? E se ela mesma, decepcionada, desiludida, chateada, entrar em crise pelo confronto com sua verdadeira imagem no espelho? E se, como por um terrível acidente, descobrirmos, enfim, que mãe não é essa figura ideal? Talvez aí, em meio à frustração de uma vida nada perfeita, onde nem mesmo aqueles que mais amamos são perfeitos, aprendamos a lançar nossas vidas nas mãos do único que jamais falha e que nunca, nunca decepciona: Deus. Pois, se uma mãe puder esquecer, Ele lembrará! Lembrará de mães e filhos, mulheres e maridos, irmãos e irmãs cujos corações anseiam por um relacionamento que não naufrague quando os defeitos aparecem.

A vida, infelizmente, tem sido assim: sobrecarregamos uns aos outros com nossas expectativas e desejos de amor, e nos esforçamos além das possibilidades para corresponder às expectativas com que nos sobrecarregam. O resultado é que vivemos numa sociedade cansada e oprimida, cheia de falsidades, hipocrisias e mentiras. Uma sociedade que prefere idealizar-se a humilhar-se diante do amor e do caráter de Deus; que prefere esconder seus defeitos a buscar relacionamentos em que somos todos aceitos por sermos exatamente quem somos, apesar de nossos pecados.

No dia das mães, valem o elogio, as homenagens, a gratidão e mesmo os presentes às mamães que Deus nos deu. Mais que tudo isso: vale a oração por elas e vale a alegria de assumirmos nossos lares e famílias assim como são, na certeza de que em Deus descobriremos a beleza de relacionamentos sem máscaras. Vale, finalmente, o bom e velho “eu amo você, mãe.” Não porque seja ideal ou porque nunca falhe, mas porque é dádiva amorosa desse Deus ideal, que supre nossas falhas e socorre-nos em nossas fraquezas. Sim, desse Deus que é Pai, Filho, Mãe e Irmão. Deus de todos nós, pais, filhos, mães, irmãos.

Feliz dia das mães! E graças a Deus pela nossa família!

Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. João (4:23-24).