MAGALI ARCE

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Tragédia em Brumadinho:

A impressionante fuga de casal de idosos sob ‘som assustador’ de enxurrada de lama

Por poucos minutos, Vera e Geraldo conseguiram escapar a pé da avalanche de lama que arrasou a cidade, até aqui deixou 99 mortos, 259 desaparecidos e 192 resgatados.

"A barragem rompeu! Vim tirar o senhor daqui", gritou um rapaz pela janela.Era por volta de 12h30. Vera Souza Araújo Vilaça, de 64 anos, tinha acabado de chegar à casa de Geraldo, um senhor de 90 anos, que caminha com a ajuda de um andador.

 Havia quase dois anos que ela subia, todos os dias, os cerca de 500 metros que separavam sua chácara da de Geraldo, para lhe trazer o almoço, um agrado de vizinhança.Estava um dia bonito, tranquilo, como a maioria dos dias no Parque da Cachoeira, bairro da zona rural de Brumadinho (MG). A paisagem ao fundo era de um vale muito verde, por onde corria um pequeno riacho.

O barulho era o da roça:pássaros, galinhas, vacas, minas de água, o vento que atravessava o vale. Até que surgiu o rapaz, arrendatário da terra de Geraldo, trazendo o alerta da tragédia. Ele rapidamente carregou o nonagenário para fora dali.Um ano antes, Geraldo, morador antigo e experiente da região, havia feito uma previsão para Vera, durante as prosas que costumavam seguir a entrega do almoço: "Se um dia a barragem romper, tudo isso aqui vai embora, não vai sobrar nada".

Vera e o marido, também chamado Geraldo, nunca tinham visto a barragem da Vale, localizada a cerca de sete quilômetros dali. Mas o ancião lhes tinha garantido: era muito grande e, se rompesse, iria percorrer todo o vale, destruir todas as casas e matar quem estivesse pela frente.Após o grito de alerta do rapaz que veio salvar Geraldo, Vera se virou para avistar sua casa ao longe.

 Estava localizada na mesma colina, mas bem abaixo - portanto, uma área mais propensa à passagem da avalanche e mais insegura. Lá, o marido a aguardava para almoçar e seu irmão tirava um cochilo. Para chegar até eles e avisar do rompimento da barragem, Vera precisaria fazer o caminho contrário de uma rota fuga: em vez de ir para um local alto, descer por um caminho que certamente seria atingido.Nem por um instante ela hesitou: desceu correndo para salvar a família, enfrentando o risco de ser tragada pela lama no meio do trajeto."Passei debaixo de uma cerca de arame farpado, corri por uma pinguela de quatro metros (uma ponte de tábua que atravessa um corpo d’água, com um corrimão de bambu, por onde a população costumava passar devagar e com cuidado para não cair), e corri até chegar em casa. Eu não sei de onde veio essa minha força. Meus nervos da perna estão todos doloridos até agora", conta Vera, que se aposentou por invalidez devido a uma trombose e, nos últimos anos, quebrou a perna três vezes.

Vera chegou antes da avalanche. "A barragem rompeu!", gritou para o marido, Geraldo do Carmo Vilaça, de 70 anos."É um som assustador, da lama derrubando árvore grande, quebrando telha, levando casa, carro", conta Geraldo. "É um som de filme de terror"."Corri uma subida de uns 120 metros, sem parar. Eu parecia até um menino de 17 anos. Mas eu tenho 70. Acho que é o instinto de sobrevivência. Quando cansei, parei em uma árvore para descansar. E fiquei ouvindo a enxurrada. Se ela estivesse chegando, eu precisaria vencer o cansaço e correr mais alto".

 A lama engoliu a casa, o carro, o pomar, a horta, as 50 galinhas, os cachorros, os documentos, os álbuns de fotos do tempo de juventude e dos filhos crianças. Em segundos, não restava mais nada. Hoje, tudo está abaixo de 10 metros de lama. O vale não existe mais. O terreno foi nivelado pelos rejeitos de minério de ferro da Vale.

Embora preocupados um com outro, Vera e Geraldo tinham a sensação de que os dois tinham conseguido se salvar. Depois que a lama atravessou o Parque da Cachoeira, ele caminhou até o topo da ladeira onde estava a esposa.

Ver o marido vivo foi uma enorme comoção. "Nascemos de novo. Nós dois nascemos de novo", diz Vera.

***Relato de uma terrível história com final_princípio de uma NOVA VIDA!

Que o amor de Deus,a Graça de Jesus e as consolações do Espírito Santo seja com todos

 

Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. João (4:23-24).